terça-feira, 22 de março de 2016

Jogos: quando, como e por que usar



Diante de um jogo, crianças e adolescentes dão o melhor de si: planejam, pensam em estratégias, agem, analisam e antecipam o passo do adversário, observam o erro dele, torcem, comemoram - ou lamentam - e propõem uma nova partida. Todo esse interesse faz dele um valioso recurso, que pode ser incluído nas aulas com dois objetivos: ensinar um conteúdo ou simplesmente ensinar a jogar. 





O material permite trabalhar diversas 

aprendizagens, como conciliar 

interesses com os colegas e enfrentar 

dificuldades. "Um bom jogo é 

desafiador, permite a interação entre os 

participantes e mostra a eles se 

alcançaram seu objetivo sem que o 

professor precise dar essa indicação",

explica Ana Ruth Starepravo, que 

defendeu o doutorado na Universidade 

de São Paulo (USP) sobre jogos nas 

aulas de Matemática. 






Para crianças e jovens, o principal 

atrativo é o caráter lúdico, conceito por 

vezes mal compreendido, mas que 

indica que a prática é divertida e 

pressupõe uma relação interessante 

entre os participantes. Porém não

ficam de fora o compromisso, o esforço,

 o trabalho e até a frustração. O prazer 

que proporciona é ligado à superação, 

à satisfação de ganhar ou de ser 

melhor que antes. "A motivação é 

intrínseca. E há sempre a possibilidade

 de repetir a experiência", diz Lino de 

Macedo, docente aposentado do 

Instituto de Psicologia da USP e 

especialista no tema. 



O lúdico, segundo o biólogo suíço Jean 

Piaget (1896-1980), faz parte de nossa 

vida desde o nascimento por meio de 

diferentes tipos de jogo. O de exercício 

(caracterizado pela repetição) e o 

simbólico (o faz de conta) estão muito

 presentes no cotidiano das crianças 

desde cedo, além do jogo de regras

que tem papel mais significativo 

conforme elas ficam maiores. 



De acordo  com a definição de Piaget no livro 

Formação do Símbolo na Criança

jogos de regras são aqueles

 "regulamentados, quer por um código 

transmitido de gerações em gerações

quer por acordos momentâneos".




Macedo explica que neles existe a

 regulação, uma mudança de

 comportamento do participante a cada

 instante. "Isso tem a ver com a 

natureza da atividade: prestar atenção,

ver o que o outro faz e ajustar sua

 ação." No jogo da velha, por exemplo,

precisamos levar em conta o 

quadradinho marcado pelo 

adversário para ter êxito. 

Nem todos os educadores, no entanto,

 veem os jogos de regras com bons 

olhos, muitas vezes porque eles geram

 competição. Para Macedo, a disputa é

 benéfica e deve ser incentivada na

 escola. "A palavra competir indica que 

os oponentes se orientam para a 

mesma direção, que é ganhar. Ambos 

perseguem um resultado, uma melhor

competência, e esse processo implica

colaboração, cooperação e respeito

mútuo e à regra."

  


Fonte do texto: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/jogos-quando-como-usar-741268.shtml#ad-image-0










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