Diante de um jogo, crianças e adolescentes dão o melhor de si: planejam, pensam em estratégias, agem, analisam e antecipam o passo do adversário, observam o erro dele, torcem, comemoram - ou lamentam - e propõem uma nova partida. Todo esse interesse faz dele um valioso recurso, que pode ser incluído nas aulas com dois objetivos: ensinar um conteúdo ou simplesmente ensinar a jogar.
O material permite trabalhar diversas
aprendizagens, como conciliar
interesses com os colegas e enfrentar
dificuldades. "Um bom jogo é
desafiador, permite a interação entre os
participantes e mostra a eles se
alcançaram seu objetivo sem que o
professor precise dar essa indicação",
explica Ana Ruth Starepravo, que
defendeu o doutorado na Universidade
de São Paulo (USP) sobre jogos nas
aulas de Matemática.
Para crianças e jovens, o principal
atrativo é o caráter lúdico, conceito por
vezes mal compreendido, mas que
indica que a prática é divertida e
pressupõe uma relação interessante
entre os participantes. Porém não
ficam de fora o compromisso, o esforço,
o trabalho e até a frustração. O prazer
que proporciona é ligado à superação,
à satisfação de ganhar ou de ser
melhor que antes. "A motivação é
intrínseca. E há sempre a possibilidade
de repetir a experiência", diz Lino de
Macedo, docente aposentado do
Instituto de Psicologia da USP e
especialista no tema.
O lúdico, segundo o biólogo suíço Jean
Piaget (1896-1980), faz parte de nossa
vida desde o nascimento por meio de
diferentes tipos de jogo. O de exercício
(caracterizado pela repetição) e o
simbólico (o faz de conta) estão muito
presentes no cotidiano das crianças
desde cedo, além do jogo de regras,
que tem papel mais significativo
conforme elas ficam maiores.
De acordo com a definição de Piaget no livro
A Formação do Símbolo na Criança,
jogos de regras são aqueles
"regulamentados, quer por um código
transmitido de gerações em gerações,
quer por acordos momentâneos".
Macedo explica que neles existe a
regulação, uma mudança de
comportamento do participante a cada
instante. "Isso tem a ver com a
natureza da atividade: prestar atenção,
ver o que o outro faz e ajustar sua
ação." No jogo da velha, por exemplo,
precisamos levar em conta o
quadradinho marcado pelo
adversário para ter êxito.
Nem todos os educadores, no entanto,
veem os jogos de regras com bons
olhos, muitas vezes porque eles geram
competição. Para Macedo, a disputa é
benéfica e deve ser incentivada na
escola. "A palavra competir indica que
os oponentes se orientam para a
mesma direção, que é ganhar. Ambos
perseguem um resultado, uma melhor
competência, e esse processo implica
colaboração, cooperação e respeito
mútuo e à regra."
Fonte do texto: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/jogos-quando-como-usar-741268.shtml#ad-image-0
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